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08/11/2023 - COTA NEGOCIAL - O vereador nunca visto numa luta de trabalhador levou um pito


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Comunicação Sindicato

Cota negocial é para que tenhamos a força de lutar por você em todo lugar, colega da saúde

Ontem (07), a Justiça, em primeira instância, determinou que um desses vereadores que aparecem bastante nas redes sociais, sempre com uma carinha irônica em videozinhos produzidos pra quem adora conversa de patrão, pare de desrespeitar a lei do país em que vive. No caso, o nome dele é Ramiro Rosário, ele obviamente é de direita (PSDB), é vereador de Porto Alegre, e vinha estimulando que você, trabalhador (a) que recebe direitos devido às negociações coletivas que os sindicatos movem, esvazie o financiamento sindical. Com a decisão, ele foi proibido de continuar com suas publicações em redes sociais.

Não precisamos falar muito da figurinha porque ela não vale muita coisa pro nosso futuro. Então, vamos te falar sobre a cota negocial, acerca da qual ele fica professorando nas redes sociais, fazendo o mesmo populismo que condena em outros políticos.

Esclarecendo novamente: o que é a cota negocial que o Sindisaúde-RS cobra de não sócias (os)?

O resumo é o seguinte. O STF decidiu que os sindicatos poderão cobrar algo que o Sindisaúde-RS defende há tempos e entende ser justo com a categoria: a cota negocial. Este é um valor que, no caso do SIndisaúde-RS, corresponde a 1 (um) dia de trabalho do salário-base.

A cota negocial:

  • Só é cobrada quando o sindicato fecha uma negociação coletiva que você aprova em assembleia geral.
  • Não é cobrada de quem é sócia (o) do sindicato.
  • É uma forma de justiça dentre a categoria.

Para além de uma forma de manter o sindicato forte para lutar contra patrões, a cota negocial estabelece equilíbrio dentre você, da categoria. Isso porque o trabalho de negociação coletiva que o Sindisaúde-RS faz ao longo do ano, as lutas, as greves, tudo isso beneficia toda a categoria, independente de quem é sindicalizada (o) ou não. Ou seja: mesmo que todo mundo receba os direitos conquistados pelo sindicato nas negociações e lutas coletivas, apenas sócias (os) acabavam financiando todo esse trabalho. Caso você não saiba, vocÊ só tem reajuste salarial todo ano devido à negociação que fazemos com os patrões. E você tem um monte de direitos acima da CLT por causa dessa mesma negociação (clique aqui se quiser conhecê-los).

E o nosso trabalho, caso você não saiba, não é apenas político. É jurídico, e para isso temos um dos melhores escritórois trabalhistas do país contratado para te atender gratuitamente. É de comunicação, e para isso temos uma equipe com três comunicadores. É de garantir teus direitos no pior momento, o da demissão, através da nossa qualificada equipe com quatro homologaras (es). É administrativo, de secretaria, tesouraria, recepção.

É para manter essa estrutura de luta que a cota negocial é importante.

Se um (a) trabalhador (a) não quer, por algum motivo, se sindicalizar, tudo bem. 
Agora, é justo que essa (e) colega não ajude em nada a luta coletiva,
mas quando chega o reajuste salarial, os direitos acima da CLT, aproveite tudo da mesma forma?
A cota negocial é isso, colegas. Não caia na conversa de vereador que você nunca viu ao lado na luta.

A decisão

Notícia original do Sul21 (clique aqui para a notícia original)

O juiz substituto Jefferson Luiz Gaya de Goés, da 15ª Vara do Trabalho de Porto Alegre, determinou nesta segunda-feira (6) que o vereador Ramiro Rosário (PSDB) deve se abster de promover ou fornecer declarações de oposição ao recolhimento de contribuição assistencial para entidades sindicais. A decisão, em caráter liminar, acata um pedido ajuizado pelas centrais CUT-RS e CTB-RS que acusam o vereador de promover atividade antissindical em razão de um vídeo divulgado em suas redes sociais em que aparece orientando as pessoas a descumprirem acordos coletivos.

A ação aponta que Ramiro atentou contra a liberdade sindical garantida pela Constituição ao afirmar que forneceria documentos para a realização de oposição ao desconto de eventual contribuição assistencial, inclusive com o fornecimento de telefone de contato para orientação sobre essa oposição, ainda que estivesse estabelecida em convenção ou acordo coletivo de trabalho.

O magistrado determinou ao vereador “que se abstenha de promover ou fornecer declarações de oposição ao recolhimento da contribuição assistencial, independente do nome ou denominação que dê à contribuição, através de suas redes sociais, aplicativos de mensagens ou por qualquer outro meio, virtual ou presencial”. Também determinou ao vereador “que se abstenha de entregar declarações de oposição ao recolhimento da contribuição assistencial, independente do nome ou denominação que dê à contribuição, na porta, em frente ou no interior das fábricas e empresas”.

Além disso, o juiz determinou ao vereador “que exclua de suas redes sociais as publicações que constam dos seguintes links, vedada a republicação de conteúdo idêntico ou similar, que instigue, provoque, incentive ou recomende o exercício indiscriminado do direito de oposição pelos trabalhadores, em relação à contribuição assistencial, independente do nome ou denominação que dê à contribuição”. O magistrado deu um prazo de 48 horas para o vereador cumprir a decisão e estabeleceu multa de R$ 25 mil por ato de descumprimento, limitada a R$ 250 mil.

“Não se trata de uma simples manifestação de opinião de concordância ou não com uma decisão judicial, mas de uma conduta que fere a Constituição Federal, viola a garantia de respeito ao acordo coletivo de trabalho e caracteriza uma prática antissindical”, argumenta o advogado Breno Vargas, do escritório AVM Advogados, que representa as centrais. “Normalmente essas práticas antissindicais são praticadas por empresas ou empregadores. O que é novidade é um agente político, ainda que sem competência normativa sobre o tema, defender abertamente uma desobediência civil e um ato de atentado à atividade sindical e mesmo à liberdade individual”, complementou.

Presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, avaliou a decisão como uma vitória contra a conduta antissindical e afirmou que as centrais irão mover novas ações para buscar a “reparação pelos danos morais coletivos e individuais causados contra entidades e dirigentes sindicais que representam a classe trabalhadora em defesa de seus direitos e da sua dignidade no mundo do trabalho”.